Whatsapp Pay vai pressionar ganho dos bancos com tarifas de transferências, diz Moody’s

Agência lembra que o aplicativo de mensagens é usado por quase 120 milhões de indivíduos no Brasil, “um número maior do que o total de clientes de bancos no país” A autorização para funcionamento do Whatsapp Pay vai trazer pressão negativa para os ganhos dos bancos tradicionais com tarifas de transferências, avalia a Moody’s. De acordo com relatório da agência de classificação de riscos, “dentro do arranjo de pagamento do Whatsapp, os usuários vão registrar seus cartões [de bandeiras] Visa e Mastercard com o Facebook Pay, permitindo fazer transferências entre indivíduos sem custo”.

O Banco Central (BC) brasileiro autorizou, em 30 de março, o Facebook, dono do Whatsapp, a oferecer aos clientes no país o novo serviço de pagamentos por meio da plataforma de mensagens e serviço de voz sobre IP, que estará ligado ao Facebook Pay. Apesar da liberação, a estreia do novo sistema ainda não foi divulgada.

AP Photo
Conforme a Moody’s, os bancos incumbentes brasileiros tradicionalmente obtêm receitas com tarifas sobre transferências entre indivíduos e companhias, para as quais cobram uma taxa fixa, bem como no processamento de pagamentos com cartões. “Os bancos são verticalmente integrados e, ao mesmo tempo, são emissores de cartões e têm unidades de adquirência.”

A Moody’s lembra que, em novembro de 2020, o próprio BC lançou o sistema de pagamentos instantâneos, o Pix, que também permite a transferências entre indivíduos e empresas. “O Pix explicitamente mira na redução do custo de transferências e no estímulo à inclusão financeira e já tem levado os bancos a registrar uma forte queda nas receitas com taxas que são cobradas nas transferências de dinheiro”, aponta a agência.

O Whatsapp Pay vai acrescentar mais pressão nessa queda de receitas, avalia a Moody’s. “A nova plataforma também vai permitir ao Facebook monitorar transferências de dinheiro ao longo do tempo, provavelmente, dando à rede social a oportunidade de alavancar outros serviços financeiros além dos pagamentos”, pondera a agência. “É uma estratégia que pode se acelerar com a implementação do open banking no Brasil neste ano”, acrescenta.

A Moody’s vê o cenário de disrupções digitais adicionais promovidos pelo Facebook como negativo aos bancos brasileiros. “O BC ainda não autorizou o uso do Facebook Pay para fazer pagamentos de mercadorias e para a aquisição de bens e serviços e se essa opção for autorizada os bancos não participantes vão enfrentar ainda mais pressões sobre as taxas geradas no processamento de pagamentos com cartões.”

A Moody’s enxerga a possibilidade de migração de volumes significativos para o arranjo do Facebook Pay por meio do WhatsApp. A agência lembra que o aplicativo de mensagens é usado por quase 120 milhões de indivíduos no Brasil, “um número maior do que o total de clientes de bancos no país”.

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