Crescem as opções de ferramentas de pagamento com criptomoedas e objetivo é furar a bolha dos entusiastas

SWAPiX, Coinpayments e Loopi Pay estão entre as empresas que querem facilitar para o consumidor pagar com moedas digitais Desde a criação do bitcoin, um dos maiores desafios das criptomoedas foi furar a bolha dos investidores entusiastas e realmente se tornarem aquilo que foram criadas para ser: meios de pagamento. Uma série de ferramentas surgiu recentemente para permitir isso, mas a adoção em larga escala de criptomoedas neste quesito ainda é desafiadora.
A maior processadora de pagamentos do mundo com criptomoedas é a Coinpayments, que realiza pagamentos globais em tempo real. A estratégia da companhia envolve o trabalho de parcerias estratégicas com provedores de pagamento como a Shipay e o Digital Manager Guru, focando em oferecer ao lojista a solução para aceitar criptomoedas como pagamento. Se o lojista tem o app da Coinpayments, o cliente diz com qual criptomoeda deseja pagar e o lojista seleciona esta criptomoeda, insere o valor e gera um QR Code para o consumidor pagar com sua carteira digital.
Rubens Neistein, business manager da CoinPayments, diz que explica os benefícios de pagar com criptomoedas para a base de clientes das plataformas parceiras como a Shipay e acaba atingindo principalmente negócios online, tais quais apostas esportivas e forex (mercado financeiro descentralizado de câmbio).
“Nossa operação é self-service e já conta com 1.500 lojas utilizando no Brasil, sendo mais de 100 mil globalmente. Os volumes nestes estabelecimentos são grandes, e as criptomoedas são usadas especialmente para o financiamento das contas dos clientes”, aponta.
A expectativa da companhia é transacionar US$ 4 bilhões em 2022, sendo US$ 250 milhões no Brasil. No entanto, o beark market atual pode atrapalhar os planos. “As pessoas estão querendo usar cripto para compras menos do que no bull market do ano passado. Muitos querem investir suas criptomoedas, principalmente as stablecoins atreladas ao dólar. Muita gente quer ficar dolarizada hoje”, avalia.
Com uma abordagem bastante diversa, as plataformas mais comentadas do momento no Brasil são o SWAPiX e o PixPAY, ambas da SmartPay, que são soluções que permitem conversão instantânea de reais para criptomoedas e vice-versa, de modo que o usuário possa utilizar sua carteira de criptoativos para pagar compras em qualquer estabelecimento que aceite PIX.
Rocelo Lopes, CEO da SmartPay, explica que na plataforma o usuário que quiser pagar um café, por exemplo, com uma criptomoeda, pode acessar o site, pegar a chave PIX do estabelecimento e fazer a conversão automática em reais pelo PixPAY. O usuário terá usado sua carteira digital, mas para o lojista terá sido uma compra normal com PIX em reais. “Eu não peço nenhuma informação do cliente e o usuário é dono de sua chave privada. No PixPAY resolvemos o problema do usuário, pois onde aceita PIX aceita tether. Quem tem tether basta ir no site e pagar o PIX com sua wallet”, destaca.
A ferramenta tem parceria com a corretora Bitfinex, controladora da stablecoin Tether (USDT), que tem seu valor atrelado ao dólar, porém Rocelo garante que a conversão funciona com outras criptomoedas como o bitcoin. Nestes casos, só é feito um passo a mais, que é a conversão de bitcoin em tether para depois o valor da carteira virar reais na mão do lojista.
O empresário lembra que o dono do estabelecimento pode também receber em tether se quiser, e neste caso o cliente paga em reais por PIX e o SWAPiX converterá o valor na criptomoeda. “O lojista pode receber sem precisar de uma conta bancária”, aponta. O SWAPiX processa atualmente 500 mil USDT (US$ 500 mil) por mês. Em setembro foram 3.806 transações, somando US$ 540 mil.
Com outro foco, a Loopi Pay surge como infraestrutura de pagamentos em criptomoedas, mas buscando facilitar o acesso a aplicações descentralizadas e games blockchain. “Facilitar o acesso estimula que as pessoas experimentem mais”, diz Ricardo Bechara, fundador e CEO da empresa.
Na Loopi Pay, o processo de comprar um token de finanças descentralizadas ocorre da seguinte maneira: o usuário entra na plataforma, escolhe o token, conecta a wallet que ele já possui, informa o valor que deseja adquirir e faz o PIX. O que ocorre hoje em dia neste tipo de aplicação é que o consumidor entra na exchange, compra um token, saca na carteira digital, conecta a carteira digital a uma exchange descentralizada e depois troca o token nativo pelo token da aplicação ou jogo. “Muitas comunidades de Telegram de games NFT gostaram da ideia, porque resolvemos a fricção de usabilidade para o usuário que quer um determinado token”, explica.
O foco da Loopi Pay são as chamadas On and Off Ramps, ou seja, sistemas que permitem que a moeda fiduciária tradicional flua para criptoativos e depois faça o caminho inverso. “Nosso foco para parcerias são as comunidades. Um novo projeto é criado e o usuário tem que ter os tokens na carteira, então nós listamos este token na Loopi Pay se tiver um bom pool de liquidez, e ajudamos a pessoa a adquirir de maneira mais simples”, descreve Cesário Martins, que também é fundador da companhia.
Apesar de todas as ferramentas disponíveis, ainda é raro encontrar pessoas que paguem por produtos usando criptomoedas. Bechara acredita que este cenário irá mudar quando as iniciativas de web3 forem mais disseminadas e, portanto, as pessoas tenham mais contato com criptoativos no dia a dia.
Rubens Neistein, por sua vez, acredita que o obstáculo maior é ter mais lojistas aceitando pagamento com criptomoedas. “Quando tiver maior adesão de lojistas informando que aceitam o usuário terá menos barreiras a usar suas criptomoedas. E, em segundo lugar, as pessoas precisam a usar mais as suas carteiras de criptomoedas.”

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