Crédito novo encolhe em meio ao fim de programas emergenciais, diz Iedi

Concessões totais caíram 10,4% em janeiro. aquelas com recursos livres declinaram 12,7% O encolhimento do crédito novo pode estar associado ao fim dos programas emergenciais, afirma o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Segundo o órgão, dados do Banco Central divulgados nesta quinta-feira mostram que “o ano de 2021 se iniciou com encolhimento do crédito novo concedido a famílias e empresas”.

As concessões totais caíram 10,4% em janeiro de 2021 frente ao mesmo período do ano anterior, já descontada a inflação medida segundo o IPCA. Para o instituto, “esse comportamento pode estar associado ao encerramento dos programas emergenciais de crédito adotados no ano passado para amortecer a crise econômica da covid-19”. As concessões livres reais declinaram 12,7%, no pior resultado desde maio de 2020 e a nona queda mensal desde abril do ano passado.

O Iedi chama a atenção ainda que os dados do BC indicam que tanto o financiamento corporativo como o crédito às famílias tiveram quedas de dois dígitos.
“No caso das empresas, o agravante é que a perda de dinamismo vem do final de 2020 e atinge tanto as operações livres como as operações direcionadas.”

Para as empresas, o crédito livre novo no quarto trimestre de 2020 já havia registrado recuo de 5,8% ante o mesmo período do ano anterior. Mas, em janeiro deste ano, o ritmo de queda acelerou para 11,5%. Para as famílias, a deterioração da virada do ano também foi intensa, com as concessões reais passando de alta de 0,6% no quarto trimestre para retração de 13,6% em janeiro.

Conforme o Iedi, o crédito direcionado apresentou maior resiliência, com subida de 24,8% entre outubro e dezembro de 2020 para alta de 31% em janeiro nas concessões. O desempenho se deve ao financiamento imobiliário, que apresentou um crescimento de 102,9% nas concessões em janeiro frente ao mesmo mês de 2020.

Outros dados ilustram a piora no crédito corporativo, diz o instituto. No caso da taxa média de juros de janeiro de 2021, que registrou 13,4% ao ano, trata-se do maior patamar nominal desde março de 2020. A elevação ocorreu devido, principalmente, às operações com recursos livres, nas quais a taxa média de juros saltou de 11,7% anuais em dezembro de 2020 para 15,2% ao ano em janeiro.

Os spreads médios também subiram e voltaram ao patamar de abril de 2020. A inadimplência, porém, recuou de 2,3% para 1,2% no período.

A taxa média de juros das operações contratadas em janeiro alcançou 20% ao ano, variação positiva de 1,6 ponto percentual no mês e declínio de 3 pontos em 12 meses. O spread geral das taxas das concessões situou-se em 15,7 pontos, o que representou variações positiva de 1,3 ponto e negativa de 2,6 pontos, nas mesmas bases de comparação.

As instituições financeiras públicas emprestaram R$ 1,809 trilhão, representando 45% do volume de crédito. As instituições financeiras privadas concederam R$ 1,481 trilhão, representando 36,8%, e as instituições financeiras estrangeiras contribuíram com R$ 729,7 bilhões, representando por sua vez 18,2% do volume total de crédito no sistema financeiro.

EBC

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