Lucro gerencial do Santander sobe 1,4% e atinge R$ 3,9 bi no 4º trimestre

O resultado veio acima das projeções dos analistas consultados pelo Valor. Banco teve lucro gerencial de R$ 13,849 bilhões em 2020, queda de 4,8% sobre o ano anterior
David Ramos/Bloomberg
O Santander Brasil obteve lucro líquido gerencial de R$ 3,958 bilhões no quarto trimestre, o que representa alta de 6,2% na comparação com o mesmo período do ano passado e avanço de 1,4% ante o trimestre imediatamente anterior.
O resultado veio acima das projeções dos analistas consultados pelo Valor, que apontavam um ganho de R$ 3,378 bilhões.

O lucro societário do Santander ficou em R$ 3,859 bilhões entre outubro e dezembro, com elevação de 2,9% ante igual intervalo de 2019 e alta de 1,2% na margem.
O Santander teve lucro gerencial de R$ 13,849 bilhões em 2020, com queda de 4,8% sobre o ano anterior.

O terceiro maior banco privado do país em ativos contabilizou margem financeira bruta de R$ 12,396 bilhões no quarto trimestre, com queda de 0,3% na comparação trimestral e alta de 1,2% no ano.
A margem com clientes foi de R$ 10,645 bilhões, com alta de 1,1% na comparação trimestral. Dentro dessa linha, a margem com produtos subiu 0,7%, a R$ 10,283 bilhões, enquanto a margem com capital de giro próprio saltou 10,7%, a R$ 362 milhões. O volume médio ficou em R$ 416,366 bilhões, com alta trimestral de 4,9%, mas o spread caiu 0,4 ponto porcentual, para 9,8%.
Já a margem de operações com o mercado ficou em R$ 1,751 bilhão, com queda trimestral de 7,8%.

As despesas líquidas com provisões para devedores duvidosos (PDD) ficaram em R$ 2,883 bilhões, com queda de 1,2% ante o trimestre anterior e de 3,4% em relação ao quarto trimestre de 2019.
O resultado líquido de R$ 2,883 bilhões no trimestre é fruto de despesas de R$ 3,609 bilhões mais um ganho de R$ 727 milhões com recuperação de créditos que haviam sido baixados a prejuízo.
A PDD ficou em R$ 15,757 bilhões em 2020, com crescimento de 30,2% em relação ao ano anterior, sendo parte desse aumento explicado pela constituição de provisão extraordinária no segundo trimestre, no valor de R$ 3,2 bilhões. Desconsiderando esse efeito, o resultado de provisão teria crescido 3,8%.
O índice de cobertura do Santander caiu para 297% no quarto trimestre, de 307% no terceiro e 209% no quarto trimestre de 2019.
As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias atingiram R$ 5,133 bilhões, com alta de 8,2% no trimestre e de 6,9% no ano. Já as despesas gerais totalizaram R$ 5,552 bilhões, com alta de 3,3% no trimestre e queda de 2,2% no ano.
A principal linha de receita é de cartões e serviços adquirentes, que subiu 14,0% na margem, chegando a R$ 1,650 bilhão. Essas receitas foram “impulsionadas, sobretudo, pela retomada do consumo combinada com o efeito sazonal de final de ano”. Na sequência, receitas de conta corrente avançaram 3,5%, a R$ 1,058 bilhão. E comissões de seguros cresceram 21,7%, a R$ 907 milhões.
No âmbito das despesas gerais, o Santander registrou R$ 5,552 bilhões, com alta de 3,3% no trimestre e queda de 2,2% no ano. São R$ 3,358 bilhões em gastos administrativos e R$ 2,194 bilhões em despesas com pessoal.
O índice de eficiência do banco – quanto menor, melhor – ficou em 38,8% no quarto trimestre, de 36,6% no terceio e 40,1% no quarto trimestre do ano passado. Em 2020, o índice foi de 37,0%, o melhor patamar histórico.

O retorno sobre o patrimônio (ROE) ficou em 20,9% no quarto trimestre, de 21,2% no terceiro e 21,3% no quarto trimestre do ano passado. O índice de Basileia ficou em 15,3%, de 14,9% e 15,0%, na mesma base de comparação.
Carteira de crédito
O Santander encerrou dezembro com R$ 512,485 bilhões na carteira de crédito ampliada, que inclui empréstimos e financiamentos, títulos, fianças, avais e garantias. O saldo aumentou 4,3% ao longo do quarto trimestre e cresceu 18,5% na comparação com dezembro do ano passado. Descontado o efeito da variação cambial, a alta em 12 meses foi de 16,9%.
O saldo de operações com pequenas e médias empresas estava em R$ 55,915 bilhões no fim do quarto trimestre, alta de 4,8% em relação a setembro e de 38,2% na comparação com dezembro do ano passado.
A carteira de pessoas físicas, que é a mais relevante para o Santander, cresceu 5,6% no trimestre e 12,2% em 12 meses, para R$ 174,300 bilhões no fim de dezembro. O segmento foi impulsionado pelas linhas de cartão de crédito (+12,6% na margem), crédito rural (+10,8%) e leasing/veículos (+10,6%).
O financiamento ao consumo cresceu em ritmo mais lento. Houve expansão de 3,9% em relação a setembro e de 3,5% na comparação com dezembro do ano passado, totalizando R$ 60,256 bilhões.
A carteira de grandes empresas era de R$ 121,184 bilhões no fim de dezembro, apontando alta de 0,1% em relação a setembro e de 23,7% frente a dezembro do ano passado. A linha de crédito para o comércio exterior caiu 14,3% na margem, enquanto leasing/veículos subiu 8,3%.
Inadimplência
O Santander Brasil encerrou o quarto trimestre com inadimplência de 2,1% na carteira de crédito, estável em relação a setembro e abaixo dos 2,9% de dezembro do ano anterior.
A taxa de calotes de pessoa física ficou em 3% no fim de dezembro, ante 3% em setembro e 4,0% no fim do quarto trimestre de 2019. No caso de pessoas jurídicas, o indicador estava em 0,9% no fim de dezembro, de 0,9% e 1,3%, na mesma base de comparação.
De acordo com o Santander, a queda da inadimplência no ano foi resultado da melhoria do índice dos segmentos PF e PJ, “que ainda são influenciados, em parte, pelo efeito das prorrogações de pagamentos oferecidas aos nossos clientes e pela qualidade de crescimento da carteira”. Além disso, o mix de produtos também contribui positivamente.
A inadimplência de curto prazo (15 a 90 dias) ficou em 2,8% em dezembro, de 3,1% em setembro e 3,9% em dezembro de 2019.
O banco informou que o saldo de crédito prorrogado atingiu R$ 40,6 bilhões em dezembro, após a amortização de R$ 9,2 bilhões ocorrida entre o segundo e o quarto trimestres. O saldo atual é composto 75% pelo segmento pessoa física.
A carteira de crédito renegociada, por sua vez, somava R$ 22,98 bilhões no fim de dezembro, com alta de 0,3% em três meses e de 41,1% em um ano. “Essas operações foram impactadas pela deterioração do cenário macroeconômico no último ano, sendo esse efeito minimizado pelo perfil de risco de nossa carteira de crédito”, diz o banco.
Nestas operações estão incluídos os contratos de crédito que foram repactuados para permitir o seu recebimento em condições acordadas com os clientes, inclusive as renegociações de operações baixadas a prejuízo em períodos anteriores.

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