Repasse de inflação do produtor ao consumidor é desafio para todas as autoridades monetárias, diz BC
Na avaliação de Roberto Campos Neto, a transferência do consumo de serviços para bens durante a pandemia “parece ser mais persistente” do que era calculado O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (08) que os repasses de inflação do produtor para o consumidor são um desafio para as autoridades monetárias de todo o planeta. Segundo ele, esse repasse está mais baixo do que foi projetado, mas ainda é alto.
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Na avaliação de Campos, a transferência do consumo de serviços para bens durante a pandemia “parece ser mais persistente” do que era calculado.
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“Essa ideia de que seria uma transição suave [de volta de bens para serviços] parece ser difícil de afirmar agora”, disse, em live promovida pelo Itaú BBA.
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Ele lembrou que a inflação subiu no Brasil em setembro, mas destacou que a alta dos preços “está afetando a maior parte dos países, inclusive avançados”. Em outro momento, também afirmou que “a incerteza internacional subiu muito” nas últimas semanas.
Para o presidente do BC, a “mensagem” mais importante é entender como essas mudanças estruturais no exterior afetarão o Brasil, em qual estágio o país está dentro desse ciclo e qual a combinação de política usará para lidar com isso.
Sobre o câmbio, reforçou que o BC atua quando considera que os preços estão muito distantes dos fundamentos”.
“Os dias em que a moeda reage mais no Brasil do que em outros países, principalmente quando dólar está forte, é quando há ruídos locais”, disse, citando a questão fiscal como exemplo.
De acordo com Campos, os brasileiros “estão mais ativos” nos investimentos de renda variável no exterior. Ele também disse que a autoridade monetária não enxerga grande montante de recursos parados nas empresas brasileiras em outros países.
Na área fiscal, disse que as melhores perspectivas para a dívida bruta se devem em parte à inflação, mas em parte a outros fatores, como a maior arrecadação. O presidente voltou a alertar que as discussões sobre um novo programa social e precatórios têm causado incerteza no mercado e reforçou que espera que seja encontrada uma solução para o tema em breve. Segundo ele, apesar da melhora recente, o nível da dívida ainda é alto.
Ainda a respeito do Brasil, destacou que houve criação líquida de empresas durante a pandemia. Também afirmou que o BC trabalha com a ideia de ter um Pix programável, ligado à moeda digital. Além disso, defendeu que uma maneira de trazer as finanças descentralizadas para o guarda-chuva do BC é a criação da própria moeda digital.
No cenário externo, disse que as previsões de crescimento globais “estão ficando ligeiramente menores” e que as inflações implícitas nos títulos públicos estão subindo em lugares como o Reino Unido e a Alemanha. Já as commodities estão “subindo ou se estabilizando”.
Na divisão por países, afirmou que “todos os olhos estão na China” e que a menor demanda do país asiático tem afetado preços.
“A Europa está ficando para trás, e os Estados Unidos estão com crescimento forte na margem”, disse.