Sabemos que a concorrência vai aumentar, diz novo presidente do Itaú

Maluhy disse que é importante que cenário seja bem regulado pelo Banco Central Milton Maluhy Filho, que assumiu nesta terça-feira a posição de presidente do Itaú Unibanco no lugar de Candido Bracher, disse que reconhece a importância de maior concorrência no mercado financeiro, mas que é importante que esse cenário seja bem regulado pelo Banco Central. “Vamos competir, mas que isso venha com condições de igualdade”, comentou em teleconferência com acionistas sobre os resultados do quarto trimestre.
O executivo disse que, diferentemente do que ocorreu com a Rede – que ele comandou e que não se antecipou ao movimento de mudança do segmento de pagamentos – , seu foco será buscar um modelo de negócio que se adapte à necessidade do consumidor. “Revisitamos sempre o modelo de negócios para garantir que não estamos reféns do passado”, afirma Maluhy. “Não estamos cegos. Sabemos que a concorrência vai aumentar, nosso papel é estar preparados para reagir rapidamente”, acrescentou.

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Neste modelo, o presidente do Itaú afirmou que irá avançar uma agenda de aproximação com fintechs.
Maluhy destacou por diversas vezes na teleconferência que sua gestão terá a agenda de transformação tecnológica como uma prioridade. Segundo Bracher, neste ano, o investimento neste segmento deve continuar crescendo. “Em 2021 devemos investir 112% mais em tecnologia do que em 2018”, disse Bracher na teleconferência, lembrando que a base de clientes ativos chegou a 24,2 milhões de clientes.
O novo presidente do Itaú afirmou que, com um maior movimento de clientes migrando para o canal digital, mais agências serão fechadas no futuro, mas comentou que para este ano não está previsto nenhum fechamento. “Não acreditamos em zero agências, mas vamos avaliar o ritmo [para fechar unidades]”, disse.
Compra de fatia adicional na XP
Maluhy afirmou que o Itaú deve entrar em breve com o pedido no Banco Central para adquirir uma fatia adicional de 11,38% na XP, que deve se concretizar em 2022. O preço a ser pago por essa fatia adicional será definido com base no lucro deste ano.

Ele lembrou que em 31 de janeiro uma assembleia geral de acionistas (AGE) aprovou a segregação da participação na XP do Itaú, criando uma nova companhia, a XPart, que deverá ser constituída após a obtenção pelos controladores de manifestação favorável da autoridade regulatória. Após essa aprovação, há prazo de até 120 dias para listagem na B3 e para distribuição das novas ações da XPart, na mesma quantidade, espécie e proporção das ações detidas pelos acionistas no Itaú.

O percentual do capital da XP que passará a ser detido pela XPart representava 40,52% ao fim de dezembro, tendo em vista a capitalização da XP naquele mês.

Maluhy também comentou que, enquanto o banco não tiver capital acima de 13,5%, vai continuar trabalhando com dividendo mínimo de 25%. Depois que atingir essa meta, ele disse que os dividendos poderão voltar para níveis mais normais, mas não detalhou. No quarto trimestre de 2020, esse capital era de 13,2%, e Maluhy disse que a meta de 13,5% deve ser atingida ainda no primeiro semestre de 2021.
Argentina e CorpBanca
O novo presidente do Itaú Unibanco afirmou não estar satisfeito com os resultados que o banco vem colhendo em suas operações na Argentina e no Itaú CorpBanca, que abrange Chile e Colômbia. Ele disse que a instituição financeira está aberta a oportunidades na região, principalmente na ponta compradora.
Maluhy, que foi presidente do Itaú CorpBanca, afirmou que a operação ainda é penalizada pelo impacto de carteiras anteriores à fusão, em 2016, além do efeito da própria crise do coronavírus. Na Argentina, acrescentou, o atacado vai bem e a tesouraria dá bons resultados, mas o varejo enfrenta desafios. Estamos atentos a isso, disse.
O Itaú CorpBanca contabilizou um resultado antes de impostos e participações minoritárias negativo em R$ 1,557 bilhão no quarto trimestre, ante um ganho de R$ 27 milhões nos três meses imediatamente anteriores. O banco fez, no fim do ano, R$ 2,24 bilhões em provisões para devedores duvidosos. Segundo Maluhy, os ajustes foram realizados por causa do impacto da pandemia no setor hoteleiro e da queda nos preços de energia, que tornaram inviáveis alguns projetos na área.

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