Startup que promove educação financeira entre adolescentes recebe aporte da Y Combinator

A Z1, conta digital voltada para adolescentes, com propósito de promover a educação financeira, recebeu uma rodada de investimento da Y Combinator. O valor não foi divulgado. A startup, fundada pelos jovens empreendedores João Pedro Thompson (ex-Vereda Educação), Thiago Achatz (ex-Grow Pay), Sophie Secaf (ex-BOX 1824) e Mateus Craveiro (ex-Pagar.me), atraiu os investidores americanos ao criar um serviço de banco digital que tem como proposta a educação financeira.
“Ter o endosso do Y Combinator, um dos mais importantes investidores em startups do mundo, nos deixa muito feliz e demonstra como a nossa missão de dar acesso à educação financeira para uma parcela da população negligenciada pelos bancos é relevante para o Brasil e América Latina”, conta João Pedro Thompson, presidente executivo da startup que tem entre os investidores o fundo MAYA Capital, de Lara Lemann, e os fundadores da 99 – Ariel Lambrecht e Renato Freitas.
Segundo Aaron Epstein, sócio do Y Combinator, “investimos na Z1 porque eles são um time experiente e estão resolvendo um grande problema, de educação financeira para adolescentes, por meio de um aplicativo para gerenciar as suas finanças e assim melhorar o futuro da geração Z”.
A nova fintech tem como diferencial oferecer uma conta digital independente para menores de 18 anos por meio de um cartão pré-pago Mastercard que possibilita compras em ambiente online e lojas físicas. Pelo aplicativo – disponível para IOS e Android – os usuários têm acesso a conta. Ao longo do ano, o app deve ganhar novas funcionalidades com foco em educação financeira e criação de comunidade.
Para utilização do cartão de ‘crébito’ – débito + crédito – há uma mensalidade de R$ 10, que é cobrada somente nos meses que houver uma transação. “Uma das principais fontes de receitas dos bancos que se dizem gratuitos é a taxa de intercâmbio (uma taxa sobre as transações que é repassada para os bancos). Se dependêssemos somente dessa taxa como fonte de receita, haveria um desalinhamento com nosso foco de educação financeira, pois incentivaríamos os usuários a gastarem o máximo possível”, diz Thiago.
“A Z1 foi uma forma que encontramos de introduzir, na prática, a educação financeira desde cedo. a mensalidade fixa, sem surpresas, até o formato de cartão pré-pago – que só permite gastar o saldo disponível – funcionam como um escudo anti dívidas”, explica João Pedro. “Nosso propósito é transformar a vida dessa nova geração, ajudando-os a realizar projetos pessoais e criativos, conseguir renda e aprender sobre educação financeira”, complementa.
Junto ao serviço de conta digital, a startup disponibiliza em seus canais nas redes sociais conteúdos relacionados à educação financeira cocriado pela comunidade Z1 – formada por jovens de 8 a 20 anos, os quais trazem diversos insights para o negócio.
“Possibilitar que jovens abaixo de 18 anos tenham autonomia em lidar com seu dinheiro é parte do aprendizado”, diz Sophie Secaf, cofundadora da startup. “Mas, muito mais do que isso, queremos servir de ponte para essa geração Z realizar pequenos sonhos” comenta.  Entre as ações para introduzir a educação financeira e o espírito empreendedor estão parcerias com páginas de educação financeira, talks inspiradores com influenciadores GenZ sobre suas experiências, além de apoio a projetos criativos.
A Z1, pouco a pouco, vem ganhando a atenção desse público – o aumento no número de usuários gira em torno de 30% semana a semana. Entre os pilares da startup estão a transparência, democratização e diversidade. “São valores essenciais que uma empresa que visa o futuro dessa geração deve ter”, finaliza Sophie. Hoje, 160 milhões de adolescentes latino-americanos gastam mais de US$ 46 bilhões por ano. No Brasil, esse mercado é formado por 49 milhões de pessoas que movimentam cerca de R$ 76 bilhões (US$15 bilhões).  
Inspiração e jornada
Você sabia que 68% dos brasileiros não guardam dinheiro e que 55% não têm nem R$ 200 poupados para uma emergência? Assim surgiu a ideia de criar a Z1, uma fintech com o propósito de introduzir a educação financeira na vida dos adolescentes.
Thiago e João Pedro sempre sonharam em empreender juntos, com a missão de criar uma empresa que fizesse uma diferença positiva para o futuro da geração Z. Ambos viveram o problema de acesso ao sistema financeiro em sua adolescência e possuem irmãos mais novos que tiveram muita dificuldade em abrir uma conta em bancos digitais e aprender sobre educação financeira.
“Foi após trabalhar no mercado financeiro e ter cofundado a Vereda Educação – uma iniciativa voltada para educação de classes de média e baixa renda, que percebi o tamanho do problema de educação financeira na população brasileira, e como escolas não tinham um plano adequado para suprir essa deficiência”, conta João Pedro.
“Em nossas pesquisas e conversas com adolescentes e possíveis investidores, percebemos a carência que existia nesse segmento de serviços digitais para adolescentes”, explica Thiago Achatz, ex-Rappi e Yellow, responsável por desenvolver a conta digital da Yellow.
Rapidamente conseguiram chamar a atenção de um grupo de investidores que fizeram um aporte inicial, vindo do fundo Maya Capital, de Lara Lemann e Monica Saggioro, dos fundadores da 99 – Ariel Lambrecht e Renato Freitas, do fundador da Rebel, Rafael Pereira, da Patricia Broggi – expert em educação financeira para crianças e adolescentes, entre outros investidores.
Com o investimento, deram mais um passo: escalaram Sophie Secaf, especialista em estudos geracionais pela BOX 1824, para fazer um estudo sobre a geração Z, e Mateus Craveiro, na época no Pagar-me, para o desenvolvimento da ferramenta – que logo foram convidados para serem sócios da Z1.  Era um sonho que os quatro compartilhavam: criar uma empresa com o propósito de melhorar o futuro dos jovens por meio da tecnologia.
Depois de 9 meses de testes com um grupo de usuários betas, o aplicativo foi lançado ao público em janeiro de 2021.
Entre as inspirações para a criação da Z1, estão as startups americanas Greenlight, Step e Current, além da inglesa Gohenry. Avaliada em US$1,2 bilhão e com 1 milhão de usuários, a Greenlight é o primeiro unicórnio do segmento e já captou US$300 milhões.

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