Banco Mundial prevê que Brasil vai crescer menos que México, Chile e Colômbia neste ano

A expansão da economia brasileira deve ser de 3% em 2021, segundo projeção A expansão da economia brasileira deve ser de 3% em 2021, segundo projeção do Banco Mundial, em seu Relatório Semestral para a América Latina e o Caribe divulgado nesta segunda-feira. Com o tema Renovando com Crescimento (Renewing with Growth), o documento alerta para as consequências da pandemia para a região e os riscos de aumento de desigualdade dentro de cada país e também entre as diferentes nações da região.

A estimativa para o desempenho do Brasil este ano fica abaixo do esperado para outros países da região, como México (4,5%), Chile (5,5%) e Colômbia (5%). O Banco Mundial prevê expansão média de 4,4% da América Latina e do Caribe (excluindo Venezuela) este ano, após retração de 6,7% em 2020. No caso brasileiro, a estimativa considera uma queda de 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020.

O Banco Mundial destaca o impacto prolongado da pandemia sobre as economias da região e os “custos socioeconômicos imensos”, com diminuição do aprendizado e menos empregos, que reduzem os ganhos futuros. Além disso, ressalta que o alto endividamento público e privado pode gerar tensão no setor financeiro e retardar a recuperação.

“Com a recuperação das economias neste ano, alguns setores e empresas ganharão e outros perderão”, afirma Martín Rama, economista-chefe do Banco Mundial para a região da América Latina e do Caribe. “A pandemia desencadeou um processo de destruição criativa que pode levar a um crescimento mais rápido, mas também pode aumentar a desigualdade dentro e entre países da região”.
De um lado, setores de hotelaria e de serviços pessoais podem sofrer danos no longo prazo, aponta o Banco Mundial, enquanto os de tecnologia da informação, finanças e logística irão se expandir. Com uma visão mais otimista, o Banco Mundial acredita que os ganhos podem ser maiores do que as perdas.

“A maior transformação pode surgir da digitalização acelerada, o que pode levar a um maior dinamismo na intermediação financeira, no comércio internacional e nos mercados de trabalho. A tecnologia também traz a oportunidade de transformar o setor elétrico”, diz o texto, que destaca o potencial da energia hidroelétrica da região.
Preocupação
O economista-chefe do Banco Mundial para a região da América Latina e do Caribe, Martín Rama, afirmou que a segunda onda da pandemia no Brasil “é motivo de grande preocupação”. Ao participar da apresentação do relatório, ele destacou que a política de ajuda às famílias no Brasil após a pandemia – com os auxílios emergenciais – teve papel importante em evitar o aumento da pobreza no país e na região.
A iniciativa, no entanto, traz uma preocupação com o endividamento público, que se repete em relação a outros países da região, e que precisará ser acompanhada de perto. Por enquanto, as taxas de juros seguem baixas, mas há incerteza sobre o que ocorrerá no futuro, diz ele.
“O Brasil implementou uma política de ajuda às famílias muito grande. A pobreza da região praticamente não aumentou, em grande parte pelo que ocorreu no Brasil. Tivemos queda do emprego, mas uma determinação dos governos para ajudar as famílias que em média terminou funcionando notavelmente bem”, afirmou.
Rama comparou a reação das economias à pandemia com o fôlego exigido em uma corrida, que é diferente em uma disputa por 100 metros ou em uma maratona. “A esta altura é visível que estamos correndo uma maratona, estamos vivendo segundas ondas, a vacinação segue lenta… Há muita incerteza sobre a questão fiscal. Por enquanto, as taxas de juros seguem muito baixas, mas é algo que vamos ter que acompanhar”, afirmou.
O economista apontou que há um desafio entre os gastos necessários para lidar com a pandemia e o impacto fiscal. Ele defendeu que é preciso seguir apoiando as pessoas diante do impacto na economia – ele citou a necessidade de sistemas de saúde que funcionem, por exemplo -, mas também conciliar isso com o endividamento dos países e das empresas. “É um desafio fiscal importante”, disse.

Edilson Dantas/Agência O Globo/Arquivo

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