Sempre olhamos oportunidade de nos desfazer de ativos, diz presidente da Cielo
Credenciadora busca focar sua atuação no Brasil para melhorar a eficiência no atendimento ao cliente e na transformação digital, disse Caffarelli O presidente da Cielo, Paulo Caffarelli, disse nesta quarta-feira que a credenciadora analisa se desfazer de ativos em busca de focar em sua atuação no Brasil para melhorar a eficiência no atendimento ao cliente e na transformação digital da empresa. Em conferência sobre os resultados da empresa no quarto trimestre, divulgados na véspera, ele evitou antecipar quais seriam esses ativos por “questão de estratégia”.
Caffarelli apontou como uma estratégia positiva a venda de sua fatia na Orizon, que atua nos segmentos de saúde, seguros e benefícios, por R$ 129 milhões. “É importante porque é o primeiro desinvestimento, que não é relacionado ao nosso core business”.
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Claudio Belli/Valor
Sobre a transformação digital, o presidente da Cielo informou que foi criada uma vice-presidência de experiência do cliente, de modo a intensificar o uso de tecnologia. “Concentra as áreas de tecnologia e operações, busca sinergia nas duas frentes, inclusive com outras áreas da Cielo”, disse. Ele comentou que essa é uma das medidas para melhorar a eficiência dos gastos. “Nossos gastos têm que ser compatíveis com a receita. vamos buscar ainda mais eficiência em 2021”, disse.
Equilíbrio entre grandes contas e varejo
Caffarelli divulgou que o volume de operações dos segmentos de Varejo e Empreendedores atingiu 37% no quarto trimestre de 2020, enquanto em igual período de 2019 essa participação era de 33%. “Hoje, temos 63% em grandes contas e 37% em varejo, nosso objetivo é chegar no meio a meio”, disse.
Houve ainda um novo recorde na penetração de produtos de prazo nos segmentos de Varejo e Empreendedores, com 32,7% no último trimestre do ano passado. “Até o fim do ano devemos chegar a 40%”, disse.
Ações em alta
Os resultados do quarto trimestre da Cielo supreenderam de maneira positiva os analistas e impulsionam as ações da empresa nesta quarta-feira. Por volta das 11h40, Cielo ON tinha alta de 8,17%, aos R$ 3,97, liderando os ganhos do Ibovespa apesar das baixas no setor financeiro
Os analistas do Credit Suisse destacam que o lucro líquido da companhia, de R$ 298 milhões, teve alta de 35% na comparação anual e superou as estimativas no mercado em 47%. “A melhora do lucro foi uma consequência da performance melhor tanto na divisão Cielo Brasil quanto em Cateno, uma vez que o crescimento no volume total de pagamentos mostrou uma nova recuperação e a empresa conseguiu implementar fortes iniciativas de corte de custos no trimestre”, dizem.
Assim, eles acreditam que os resultados do quarto trimestre são uma indicação de que o ano de 2021 será um período melhor para a Cielo. O risco, porém, é o fato que competidores também estão melhorando seus esforços comerciais em pequenas e médias empresas, onde a Cielo espera ver resultados melhores. Com isso, o Credit Suisse mantém avaliação neutra sobre as ações da Cielo.
Já os profissionais do Goldman Sachs ressaltam que o lucro lucro aumentou na comparação anual pela primeira vez em três anos. A surpresa “foi impulsionada principalmente por custos e despesas mais baixos, parcialmente compensados por tendências de receita mais fracas devido a um rendimento de receita menor, enquanto o crescimento de volume total de pagamentos ficou em linha com as expectativas. Isso representa o primeiro aumento anual de ganhos em três anos, que deve ser bem-recebido pelo mercado”, dizem.
Os resultados do quarto trimestre podem significar que o ano de 2021 será melhor que o esperado no mercado, dizem os analistas do BTG Pactual. “Temos lucro líquido de R$ 789 milhões em 2021 (um pouco acima do consenso). Mas após os R$ 300 milhões no 4º trimestre, o lucro poderia ser revisado para cima para R$ 0,8 bilhão a R$ 1 bilhão, levando a um P/L de 10-12,5 vezes”, dizem.
Os analistas da casa apontam que a Abecs espera que o setor de pagamentos cresça 18-20% em 2021 e o WhatsApp Pay poderá finalmente entrar em operação no primeiro trimestre. “Além disso, notícias recentes indicam que o Banco do Brasil pode sair da Cielo, com o Bradesco comprando a participação do BB. A nosso ver, uma resolução sobre a estrutura acionária é fundamental para a companhia, mas estruturalmente continuamos cautelosos com a Cielo em função de sua atual estrutura acionária. Poderíamos ver mais valor se a mudança na estrutura corporativa funcionasse com habilidade. Mas quanto mais tempo isso leva, potencialmente menos valor escondido também. Por enquanto, nós permanecemos neutros”, acrescentam.